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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Viabilidade de uma OTS

Já se vão 2 meses do lançamento do livro e, enfim, consegui tempo e tema para mais um post. Se por um lado devo comemorar a quantidade de trabalho que tem me tomado praticamente todo o tempo, por outro, lamento o fato de não conseguir dar a atenção que eu gostaria a todos os assuntos. Este nosso blog tem sido vítima, mas espero não desapontar os leitores.

O tema que trago hoje nasceu de uma discussão num grupo que a princípio não tem nada com o Terceiro Setor. Isso já é uma prova de que o Terceiro Setor permeia nossa sociedade e não se restringe a um grupo de organizações que partilham uma ou outra característica. Mas essa é outra discussão. O tema de hoje é a VIABILIDADE DE UMA OTS.

Este tema me veio quando naquele tal grupo que comentei discutia-se sobre criação de uma associação de representação de um grupo de pessoas. As questões naturais foram:

Qual seria o objetivo dessa associação?
O que a distinguiria de tantas outras semelhantes?
Ela não competiria com as demais?
Etc.

No fundo, ao se questionar isso, coloca-se em discussão a seguinte pergunta geral: essa entidade é viável?

O mais interessante é que o caso que presenciei não discutia a viabilidade financeira da organização que se propunha criar. Isso é esplêndido, porque não é dinheiro que viabiliza uma organização do Terceiro Setor. O que se discutia era a necessidade de tal organização, a aceitação que ela teria na sociedade, a relação que ela teria com outras organizações, etc. E é exatamente aí que se sustenta uma OTS (Organização do Terceiro Setor).

Antes mesmo de pensar sua sustentabilidade financeira ou administrativa, toda OTS deve pensar sua sustentabilidade enquanto proposta de ação no TS. A missão, objetivo, propósito que se pretende dar à organização encontra espaço na sociedade? Ou seja, essa missão é tida como necessária, importante, desejável pelos cidadãos? A forma de atuação pretendida pela OTS admite parcerias sólidas? As necessidades de recursos (financeiros, humanos, físicos, etc.) da OTS são supridas facilmente no contexto em que ela se encontrará? E por aí vai...

Reparemos que avaliar algumas situações pode demonstrar que a OTS pretendida é um sonho e não uma realidade factível. Pensemos na quantidade de organizações (associações, fundações, etc.) que foram criadas e permanecem inertes. Nunca conseguiram sair do papel...

Antes mesmo das questões de sustentabilidade financeira, as OTS precisam obter a sustentabilidade de seu próprio conceito, sua missão, objetivos, etc.” (Ruggeri, 2011).

Pensar na sustentabilidade financeira e na obtenção de recursos (humanos e físicos) para sua ações corresponderia a pensar da eficiência da organização. Quão eficiente a organização é para obter e utilizar recursos (financeiros, físicos e humanos).

Porém, a eficácia da organização será medida pela efetividade das suas ações percebida pela sociedade. Ou seja, qual a diferença que a organização faz à sociedade e como a sociedade reconhece o papel da organização. É neste eixo de pensamento que a organização encontrará sua viabilidade e as bases de sua sustentabilidade.

Uma organização socialmente necessária, aceita pelos seus públicos, atuante em conformidade e respeito aos costumes sociais e normas legais, etc. certamente tem mais condições de obter recursos para sua manutenção.” (Ruggeri, 2011)

Atribuo importância diferenciada a esse tema porque, muito além de trazer uma discussão sobre sustentabilidade das OTS, ele abre flancos para enfrentar outros temas relacionados que carecem ainda de muito amadurecimento: profissionalismo na gestão das OTS, modelo econômico das OTS, modelo de negócios das OTS, etc.

Todos esses temas podem trazer abordagens que nascem de uma interpretação sobre a identidade do Terceiro Setor ou podem ser tratados no sentido de conduzir à interpretação dessa identidade. É uma via que permite trânsito em ambos os sentidos.

Contudo, em minha opinião, esse é um dos casos onde o ovo deve vir antes da galinha.

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